Pérfido Lusitano

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

De volta à folha em branco.

O esforço esgota-me, mas o descanso que se segue provoca um estranho vazio, uma ausência de referências.
E agora? Que se segue? O que fazer com este tempo que antes era fugaz e agora teima em passar?
Pela ignorância continuo a questionar vezes sem conta as mesmas repetidas dúvidas, sempre na expectativa de um dia ter uma resposta que satisfaça e cale estas vozes curiosas que não me deixam descansar.
Talvez a vida seja isto mesmo. Um ciclo em que as respostas surgem com o vagar próprio da aprendizagem dando lugar a novas interrogações.
Quais são mesmo as perguntas, ou as dúvidas que me assolam a mente?
Ah! Se eu soubesse! Apenas me lembro vagamente que um dia as tive. E agora?
Agora tenho tempo para pensar se dúvidas tive e, fico atento a uma nova direcção, a um novo caminho onde me reencontre. Procurar! Procurar! Procurar!
Procurar-me sem saber se terei um dia o prazer de me voltar a ver. Quase como um bom amigo que saiu para ir comprar cigarros...
Mas eu n fumo, pelo menos sempre fui muito peremptório em não o fazer, nunca achei piada à repetição de um gesto. Aliás lembro-me de não aceitar facilmente o fumo alheio...
Bom! Nisso não devo ter mudado, não a esse ponto. Admito que o exemplo de um possível escape sob a alçada da compra de uns cigarros não foi o melhor...
Talvez o jornal... hum!!!, também não. Não tinha por hábito comprar o jornal.
Acabemos com estas comparações idiotas que não levam a lado algum.
Não admira que eu me tenha perdido, sou um divagador nato, é-me fácil falar, falar, falar, falar, falar, falar, falar..., caio n repetição, caio na repetição.
Ecos de mim próprio que teimam em inovar!
Às vezes encontro-me, para novamente me perder, começo a acreditar que apenas me encontro quando estou perdido.
Excelente raciocínio, és muito bom, boa, continua. Para dizer isto é preciso algum curso?
Verdadeira “la palissada”. Só me encontro se estiver perdido. Para encontrar é necessário perder!
Será isto, mesmo verdade?
Sem duvida alguma que não posso encontrar sem ter perdido. Terei então encontrado algo que não me pertencera? É possível.
Posso então encontrar-me sem que isso implique o prefixo “re”. Na busca do eu posso encontrar o Eu.
Continuo sem saber o que me trouxe aqui. Olho à volta! Não vejo ninguém. Procurar-me-ei?, ou aguardo o vislumbre de alguém?
De onde estou à linha do horizonte, que se esconde para além daquele “prédio”, n vejo ninguém.
Onde terão ido? Onde foste tu que eu não te vejo? Onde estarei eu?
Onde estaremos nós?
Talvez tenhamos ido apenas comprar cigarros.
Mas nós não fumamos. Pelo menos acredito que não fumo, e tu fumarás?
Olho mas não quero ver, e fico na ignorância, imagino algo que talvez não exista nem tão pouco existirá, esperançoso que um dia voltes, que estejas a fumar e me digas.
Fui apenas comprar cigarros.