Pérfido Lusitano

quinta-feira, março 18, 2004

Uppercut de Esquerda

Quando se ouve falar de Boxe ouvem-se muitas vezes referências ao poder dos "uppercut" bem encaixados, e o poder abalador que os mesmos têm no adversário. Ora, no fim da semana passada, assistimos a uma final em Madrid entre o PP, vulgo Partido Popular, e o PSOE mais conhecido por Partido Socialista Obrero Español. Analisemos os preparativos e os métodos utilizados, no combate, por cada um dos pugilistas.

Após o terrível atentado em Madrid, achei estranho estar a ouvir, ao fim de poucas horas, o governo de José Maria Aznar apontar o dedo à ETA. O estado de choque era tão grande que ninguém pensou racionalmente sobre o assunto, nem mesmo os inúmeros e experientes comentadores políticos da actualidade.

A verdade rebentou!!! O governo com medo de perder as eleições tentou ocultar do povo espanhol as provas, mais que evidentes, noventa e nove porcento dizem, de que a Al-Qaeda era uma das responsáveis do atentado.
- E digo uma porquê?
- Já alguem pensou nos elementos mais extremistas que fazem parte da ETA?
- Será que destes elementos, nenhum deles utilizou a estrutura, por mais debilitada que fosse da ETA para ajudar a Al-Qaeda?

Perguntam-me se a ETA tinha alguma coisa a ganhar com este atentado?
Muito, apenas e só se não fosse dada como culpada. Vejam:
- O governo de Aznar, em conformidade com outros governos de seguidismo dos interesses americanos, apoiou a Guerra no Iraque.
- O governo seguiu à risca a máxima "Não negociamos com terroristas!", sem olhar às consequências (esta não me parece ser uma frase tipo de um filme do Almodovar).
- O medo generalizado do povo espanhol nem quer ouvir falar de terrorismo.
- O governo de Aznar já foi vencido.
- O governo de Zapatero já pediu a retirada das tropas espanholas de território iraquiano.
- A Al-Qaeda já pediu um cessar fogo em território espanhol.

Resumindo os terroristas acabaram por "negociar" com o governo de Zapatero. O Zapatero deu-lhes o que eles queriam, e os terroristas deram o que o Zapatero queria. Atenção, para quem só lê, e não consegue interpretar eu não estou a dizer que eles se sentaram à mesa a discutir sobre as suas divergências, ok??

Não sendo o objectivo deste texto a análise do governo espanhol, vou continuar a escrever...

Muitos espanhóis agradeceram às televisões portuguesas o facto de terem reportado de forma imparcial os acontecimentos em Espanha. E imparcial porquê? Imparcial porque o governo espanhol manipulou os meios de comunicação que se deviam entitular independentes. O partido do governo espanhol mostrou, sem dúvida, a sua falta de respeito e o grande interesse em salvaguardar, acima de tudo, os interesses políticos do seu partido.

E de repente, ao ficarem aquelas notícias de fundo em som de fundo e ao começar a pensar um pouco sobre o quão pequenos, nós, seres humanos, somos comecei a lembrar-me de Portugal, sim do nosso pequeno e indefeso Portugal (indefeso não porque temos dois !novos! submarinos, acho que para patrulhar as fronteiras!). Será que o governo não tem o mesmo poder sobre a opinião pública?

Agora respondam-me? Não foi prática comum ao haver irregularidades por parte de um ministro, ou um deputado, este se demitir tendo em conta o impedimento moral que essas situações poderiam causar no cumprimento do dever? Respondam-me também, QUEM é que votou no Paulo Portas para ser ministro da Defesa? Um homem que se diz igual aos muitos outros portugueses porque tem os impostos em dia, assim o demonstrou numa reportagem da TV ao mostrar a declaração de impostos. Alguém viu a data? Pois, se a tivessem visto, viam que essa declaração era do dia anterior e que dois dias antes era um devedor como qualquer um outro cidadão português não cumpridor.

Afinal de contas, e falando do caso moderna, alguém sabe se o Paulo Portas era acusado de alguma coisa? Era realmente inocente?

Porque é que só aparecem militantes do PS na praça pública quando se fala da Casa Pia?

Falam agora da história do referendo sobre o aborto, o Durão Barroso diz: "Mas o povo já respondeu a esse referendo, respondeu que não.". Pois é. É verdade, e agora digo eu: "Mas ouve lá ò meu grande Cabrão, tu perguntaste a alguém se queria ir para a guerra no Iraque? És uma vergonha para os portugueses, uma vergonha tão grande que vou estar a ofender o nosso tão conhecido "Emplastro" ao dizer que TU eras o emplastro que queria aparecer na televisão na Cimeira das lajes, ou digo, "Conselho de Guerra das Lajes".

O meu pai sempre foi tão socialista ferrenho e eu sempre apoiei o Partido Socialista porque o meu pai fazia o mesmo. Mas as pessoas começam a crescer e as ideias começam-se a formar e felizmente não me arrependo de ter sido conduzido por essa paixão tão grande que o meu pai tem.

Ontem durante um comentário numa qualquer estação de televisão um comentador disse:
"Antes as pessoas não conseguiam distinguir entre PS e PSD, podíamos dizer que o Centro era grande e que um estava um estava mais para o lado esquerdo e outro estava mais para o lado direito. Hoje em dia isso não acontece hoje as pessoas podem ver as opções partidárias associadas a cada um dos movimentos."

Hoje um amigo meu disse:
"Nunca liguei muito ao que cada um dos partidos defendia nem nunca soube o que exigir de cada um deles. Mas hoje infelizmente já sei o que não quero."

Caros amigos, da próxima vez que pensarem "Epá não vou votar, não me apetece!" pensem se quando tiveram oportunidade de escolher o que fazer da vida, ir ou não para a universidade, ir para este ou para aquele curso, se também deixaram o papel em branco e disseram: "Fdx... não me apetece levantar da secretária, alguém que escolha lá por mim."

Dá que pensar não dá?