Pérfido Lusitano

quinta-feira, julho 22, 2004

Pérfido defunto

Já passaram quase 10 dias sobre o último "post" - e que "post", meu Deus... - e nada de útil se pôde ler por aqui. As mentes parecem estar paradas ou, talvez sendo mais preciso, de férias.

Seja como for, num "blog" que oscila entre a mais descabida e insultuosa pornografia e o deprimente mas preocupado debate político e social, parece ficar bem as palavras de um poeta que se encaixaria, por certo, no espírito deste espaço. Bocage viveu entre a rebaldaria sexual e jocosa do insulto e do deboche, mas também teve prolongados momentos de tristeza fúnebre e desilusão amorosa, à semelhança deste "blog" que parece carecer de mimos dos seus cronistas e leitores que o abandonaram à espera da negra senhora de foice.

Salvemo-nos, pois, com estes tristemente belos versos do poeta, com a esperança que, uma vez ressuscitado, este "blog" relembre também os poemas de Bocage mais galhofeiros, verdadeiros hinos à rambóia e ao regabofe!

Fiei-me nos sorrisos da ventura
em mimos feminis, como fui louco!
Vi raiar o prazer; porém tão pouco
momentâneo relâmpago não dura:
 
No meio agora desta selva escura,
dentro deste penedo húmido e ouco,
pareço, até no tom lúgubre, e rouco
triste sombre a carpir na sepultura.
 
Que estância para mim tão própria é esta!
Causais-me um doce e fúnebre transporte,
Áridos matos, lôbrega floresta!
 
Ah! não me roubou tudo a negra sorte:
Inda tenho este abrigo, inda me resta
o pranto, a queixa, a solidão e a morte.

terça-feira, julho 13, 2004

Regressando de férias

Recém-regressado de férias, aqui ficam apenas algumas ideias amontoadas, que nem um texto são.

1) Os cabrões dos gregos limparam-nos o Euro, e ganharam-nos duas vezes - Estávamos à espera do quê? O Olimpo não é na Grécia? Nós só tínhamos um indivíduo que ama a Sra. do Caravagio, e dez milhões que adoram a Nossa Sra. de Fátima. É natural que as dezenas de deuses gregos tenham mais influência junto do Velho Barbudo, do que duas tipas, que já são bem velhas e nunca foram boas como uma Diana, ou uma Vénus...

2) Ainda futebolisticamente, foi curioso reparar que neste Euro só tivemos duas filosofias: equipes que procuravam a posse de bola e atacar a todo custo sem posições fixas no ataque (Portugal, Rep. Checa, Holanda, França), e outras que davam deliberadametne a posse de bola ao adversário, remetiam-se ao seu meio-campo, e preferiam jogar em contra-ataque (Grécia, Suécia ou, espantemo-nos, a Inglaterra). Poderíamos supor que o futebol defensivo foi o que imperou, visto a Grécia ter ganho o campeanato, mas se virmos que nas meias-finais estiveram 3 equipes atacantes, então temos de refazer o nosso julgamento e retirar daqui duas conclusões: a) o futebol de ataque ainda é melhor do que "catanaccios"; b) os gregos jogaram mesmo muito bem.

3) Filhos da puta, logo tinham de jogar bem neste Europeu...

4) Fui de férias com o Cherne primeiro-ministro, o Carapau-de-corrida Santana Lopes presidente da Câmara de Lisboa a enterrar o Marquês e o Parque Mayer num túnel sem saída, e com o Ferro a fazer as tristes figuras de sempre; Venho de férias e encontro um Cherne a ser servido com batatas a murro na cantina da CE aos amigos Blair, Chirac e Schröder, e o tipo dos túneis embargados - surpreendentemente auxiliado pelo "cabecinha de lâmpada" a querer meter este país, definitivamente, no tal túnel sem saída... Se eu estivesse no lugar do Ferro, perante a troca de um Cherne com batatinhas, por um carapau na bucha, eu não me demitia: suicidava-me.

5) Paulo Portas, depois de insatisfeito com os seus submarinos ao ver que se sentasse em cima deles, este não desapareciam mesmo que muito untados com vaselina, pulo de satisfação com a possibilidade de refazer um governo (ainda) mais à direita, com (ainda) mais ministros do PP. No entanto, parece-me que o carapau é um peixe que algo indigesto para o estômago delicado do referido senhor, e que, introduzido pela outra extremidade do aparelho digestivo, não só não dá muito prazer, como também pode espetar uma ou outra espinha em zonas muito delicadas.

6) Por fim, uma nota linguística: Ontem, na SportTv, assisti ao memorável encontro Peru vs Equador. Aliás, Perú, com acento no u. E hoje, no Jornal da Tarde, lia-se no rodapé, "Vitorino acaba hoje com o tabú". Por isso, aqui fica uma nota informativa: Amigos, todas as palavras acabadas em u, exceptuando as que acabam em ditongo ou são formas verbais, não são acentudas, ok?
Acham que alguém iria comer um "peru" julgando que era a fruta do pereiro?

Posto isto, beijinhos e até breve.